O clima é, sem dúvida, um dos maiores fatores de influência no sucesso ou no fracasso de uma safra. Com a agricultura brasileira cada vez mais competitiva e tecnificada, estar um passo à frente nas projeções climáticas pode ser a diferença entre perdas significativas e uma colheita recorde.
Após um 2024 marcado por extremos – desde o forte El Niño até padrões que se assemelharam a uma La Niña –, 2025 apresenta características que exigirão atenção para aproveitar o momento. As chuvas irregulares e volumosas, somadas a temperaturas moderadas, desenham um cenário de oportunidades, mas também de riscos. Como se preparar? Quais estratégias adotar para minimizar prejuízos e aproveitar ao máximo as condições climáticas?
Neste artigo, contamos com as análises do renomado agrometeorologista (e parceiro conhecido aqui no Mais Agro) Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima, que compartilha suas previsões e orientações.
Confira como fica o clima em 2025, como ele pode impactar culturas, como soja, milho, cana-de-açúcar e café, e o que os produtores devem fazer para transformar desafios em oportunidades.
2024: um ano de transição climática que foi tenso para a agricultura
Para contextualizar 2025, é importante relembrar o que ocorreu no ano anterior. Marco Antônio destaca:
“O primeiro semestre de 2024 foi marcado por um El Niño extremamente forte, que trouxe altos volumes de chuva no Sul do Brasil e déficits hídricos no Cerrado. Já no segundo semestre, o El Niño deu lugar a uma espécie de ‘pseudo-La Niña’ que atrasou as chuvas e impactou significativamente o calendário agrícola.”
O ano de 2024 foi marcado por dois fenômenos climáticos de grande impacto: o El Niño forte no primeiro semestre e a transição para um cenário que, mesmo não sendo oficialmente La Niña, se comportou como tal, trazendo chuvas irregulares e altas temperaturas. Isso causou grandes dificuldades para os agricultores, especialmente nas regiões do Cerrado, Sudeste, Centro-Oeste e Norte, além de afetar o Sul com excesso de chuvas.
Regiões como o Centro-Oeste e o MATOPIBA enfrentaram até 180 dias sem precipitações significativas. Em muitas regiões, o plantio da soja foi comprometido devido à seca prolongada, impactando o calendário agrícola. Os impactos também foram severos em certas culturas, como café, cana-de-açúcar e laranja, que enfrentaram secas e altas temperaturas.
Além disso, o excesso de queimadas, especialmente nas regiões de cana-de-açúcar, agravou ainda mais o cenário.
Clima em 2025: projeções, tendências e impactos no campo
Para 2025, o El Niño já não está em evidência, mas o resfriamento gradual das águas do Oceano Pacífico, o La Niña, pode gerar chuvas mais intensas durante o verão brasileiro.
Segundo Marco Antônio, a expectativa é de que o início de 2025 siga sendo marcado por boas chuvas, especialmente entre janeiro e abril. Essas chuvas deverão beneficiar culturas de verão, mas também podem impactar negativamente o plantio tardio das lavouras de segunda safra, como soja e milho.
No entanto, a partir de maio, as chuvas continuarão, mas com menos intensidade, o que poderá estender o período produtivo, promovendo um cenário favorável para frutíferas, como laranja, café e até hortaliças:
“O Sudeste, Centro-Oeste e partes da região do Mato Grosso e MATOPIBA, incluindo aí o Norte, poderão receber altos volumes de chuvas e até mesmo chuvas contínuas. Então, isso pode, sim, atrapalhar a colheita. E, lógico, o posterior plantio das lavouras de segunda safra. No entanto, lavouras mais perenes, como café, cana-de-açúcar, laranja ou em outras frutíferas, e até mesmo hortaliças, poderão ser beneficiadas por essas chuvas mais recorrentes.” explica o especialista.
Em resumo, a previsão climática para 2025 aponta para um verão úmido, com chuvas recorrentes até abril e possibilidade de precipitações esparsas em maio e junho, especialmente no Centro-Oeste e no Sudeste.
- Chuvas intensas no início do ano: janeiro e fevereiro devem registrar altos volumes de chuva, o que pode atrasar colheitas e comprometer o plantio das culturas de segunda safra.
- Temperaturas mais amenas: apesar de algumas ondas de calor, a média será inferior à registrada nos últimos 18 meses.
É importante ressaltar que, mesmo com boas chuvas, o cuidado com o manejo será essencial, pois temperaturas mais amenas durante o período chuvoso podem intensificar o surgimento de doenças.
Pontos de atenção destacados pelo agrometeorologista:
- Grãos: a umidade pode favorecer altas produtividades, mas exige atenção ao manejo fitossanitário devido ao aumento da pressão de doenças.
- Café, cana-de-açúcar e frutíferas: essas culturas continuam enfrentando reflexos das condições climáticas de 2023 e 2024, com redução esperada na produtividade.
- Logística e colheita: as “invernadas” previstas para fevereiro podem dificultar o transporte e o armazenamento de grãos.
O que fazer diante do clima em 2025? Dicas para maximizar o potencial produtivo
Com o cenário climático sendo considerado favorável para a agricultura em 2025, os produtores precisam adotar práticas que permitam um manejo eficiente e sustentável, aproveitando ao máximo o potencial das chuvas, mas também se preparando para possíveis desafios.
Como as chuvas deverão ser recorrentes e constantes durante o verão, é fundamental realizar um manejo adequado das lavouras. O aumento da umidade no solo e o favorecimento das condições ambientais podem propiciar a alta pressão de doenças. Portanto, tenha um plano claro para os momentos ideais de pulverização e controle fitossanitário.
- Dica do Marco: “muito cuidado com os times de pulverizações. Não perca esses momentos, mesmo que a sua pulverização esteja marcada para o final de semana, se você está vendo chuvas, avalie antecipar em um, dois dias […]. Outro fator: mesmo você tendo uma temperatura mais amena esse ano, nos intervalos que não vão ter chuvas, as temperaturas podem ficar um pouco mais altas, então, continue fazendo os seus manejos da palhada, porque isso vai fazer total diferença.”
O atraso nas chuvas nas safras anteriores impactou o plantio e, consequentemente, a colheita. Para 2025, o planejamento das atividades deve ser minucioso. O calendário agrícola precisa ser ajustado com base no comportamento das chuvas, considerando especialmente as peculiaridades de cada região.
Marco também reforça que, com a expectativa de chuvas durante o verão, a logística de colheita será crucial. O transporte da produção para os armazéns deve ser planejado para evitar perdas. Isso inclui a coordenação dos horários e locais de descarregamento.
Apesar das chuvas recorrentes, as temperaturas mais amenas poderão manter a umidade no solo e favorecer o surgimento de pragas e doenças. Os agricultores devem se preparar para um aumento da pressão fitossanitária.
Expectativa de safra recorde diante do clima em 2025
A conclusão do ano de 2024, marcada por desafios climáticos significativos, abre espaço para uma expectativa otimista para a safra de grãos 2024/25. Conforme o especialista Marco Antônio mencionou, “esse é um ano que vai se produzir muito. Lógico que algumas culturas, como café, cana-de-açúcar, laranja, vão ter uma redução, mas se você pegar grãos de uma forma geral, principalmente no caso da soja, a perspectiva é de uma produção recorde.”
Essa projeção positiva vem amparada pelo cenário climático favorável, com chuvas mais regulares e temperaturas mais amenas, que devem beneficiar as lavouras. No entanto, como ele alerta, é fundamental que os produtores se preparem e realizem um manejo cuidadoso para tirar o máximo proveito dessa safra: “o grande ponto é capricho esse ano”.
O planejamento correto será a chave para alcançar os resultados desejados. Se os produtores conseguirem alinhar suas práticas aos ciclos climáticos previstos, poderão aproveitar essa expectativa de uma safra promissora e com alta produtividade.
Portanto, é hora de focar no cuidado minucioso, nas decisões precisas e no aproveitamento das oportunidades, para transformar o potencial climático favorável em resultados concretos no campo.
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